quarta-feira, 24 de abril de 2013

SXSW e a lógica Memento invadindo os videoclips


O SXSW (South by Southwest), festival que acontece há mais de 25 anos na cidade de Austin, Texas, tem a virtude de reunir em um só lugar tudo o que mais gostamos: ao mesmo tempo que é um festival de cinema, discute tecnologia, expõe novidades da NASA, promove torneios de videogame e junta mais de 2000 bandas em shows intimistas (contrários à lógica de outros festivais, como o recente Coachella).

Em meio a essa programação musical gigantesca, que ia do Emicida e da Gang do Eletro a Green Day, Specials ou Eric Burdon (dos Animals) ganharam destaque duas bandas, que se apresentaram na sequência, em uma mesma noite: os nova iorquinos Yeah Yeah Yeahs e os britânicos do Alt-J. Enquanto os primeiros (foto acima) apresentaram músicas do seu quarto disco, que parece continuar consistente e interessante (coisa que outras bandas de sua geração, como Strokes e Franz Ferdinand, não conseguiram direito), os segundos (abaixo) mostraram na íntegra e praticamente na mesma ordem, as músicas de seu único álbum (incluindo os Interludes, que ficaram bem legais ao vivo). Para completar (e deixar tudo ainda mais memorável), a noite ainda contou com Nick Cave e Café Tacvba, que se apresentaram antes dos outros dois.


Recentemente, para promover seus últimos álbuns as duas bandas lançaram vídeoclipes bem produzidos e bastante similares, tanto na temática quanto nos recursos: nos dois casos as bandas não aparecem, as histórias são contadas de trás para a frente e são construídas em cima de dramas de final trágico (ou seria o início?).

Dirigido por Ellis Bahl, Breezeblocks (na minha opinião a melhor música dos Alt-J) também participou do SXSW, em uma sessão dedicada aos videoclipes.

Alt-J (∆) | Breezeblocks from Ellis Bahl on Vimeo.

Dirigido pelo Megaforce (que já dirigiu clipes de Tame Impala e Metronomy), Sacrilege é o primeiro videoclipe do álbum Mosquito, dos Yeah Yeah Yeahs, que acaba de sair.



Contando a história de trás para frente, na melhor lógica do filme Amnésia (Memento), de Christopher Nolan, os videoclipes propõe uma leitura mais participativa da audiência, que tem que processar cada nova informação do vídeo, juntando as peças do quebra-cabeça. Fazem também com que o corte-seco, simples corte de plano a plano, adquira um peso muito maior, já que divide a ação, mudando em alguns casos o lugar e, em todos os casos, o tempo. E mais do que tudo isso, esses videoclipes dão uma bela vontade de vê-los de novo, para fazer uma nova leitura, depois de já conhecer a história. Coisa rara no mundo dos videoclipes.

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