segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Chaves para Hitchcock

Um homem sofisticado numa trama sinistra. Uma loira “gelada” inocente e diabólica. Um plot resolvido apenas no último segundo. Luz e sombra na fotografia. Trilha a la Bernard Herrmann, edição precisa, câmera-personagem, espectador cúmplice. A receita existe, mas se houvesse fórmula para um clássico de Hitchcock, os filmes do Brian de Palma ainda valeriam o ingresso. Não é o caso. 
Se desde sempre o nome do diretor inglês e o termo suspense são considerados sinônimos, em 2013, o dicionário ganha um novo termo: hype. Hitchcock está na moda, na tv, no cinema e provavelmente nas grandes premiações ao longo de 2013/2014. Até o momento temos, entre outras coisas, a produção com Anthony Hopkins e Helen Mirren que conta os bastidores  de “Psicose”, o lançamento do box “Alfred Hitchcock the Masterpiece Collection” com 15 obras-primas em formato Blue-Ray  e um filme da HBO, um tanto mal criticado, sobre sua relação obcessiva com Tippi Hedren. 


Mas em meio a todo o “buzz” surge uma notícia que muito interessa a este blog: é “The White Shadow” de 1924. Os rolos, perdidos por décadas e com autoria desconhecida até 2011, foram doados ao National Film Preservation Fund em 1989, e agora são disponibilizados (os 43 minutos encontrados, pelo menos), via streaming. A direção é creditada a Graham Cutts, mas quem aparece como assistente de direção, montador e cenógrafo é Alfred Hitchcock em, nada mais nada menos que, seu primeiro filme.
Pouco se sabia do roteiro, mas a história de uma irmã “má” que toma o lugar da “boa”, já apresenta alguns toques sutis de sua posterior narrativa: o clima da aristocracia, o jogo de aparências, o trabalho com os atores e a montagem nada monótona. Vale assistir, no mínimo, pelo registro histórico.
Se essa foi sua primeira incursão pelo cinema, termino o post com uma jóia bem mais recente realizada em 2007 por um fã que escreveu e dirigiu um curta (para a cava Freixenet) que mostra o encontro e a execução de um roteiro supostamente perdido pelo mestre… Usando e abusando dos recursos eternizados por Sir Hitchcock, “Key to Reserva” é simplesmente genial. O fã? Um tal Martin Scorsese.
PS: À procura de outras chaves para o universo do mestre? Algumas das melhores estão aqui.           
Enjoy!

6 comentários:

  1. "Elmer Bernstein"??? Tenho certeza que quis dizer Bernard Herrmann.

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    1. Oi Laerte. Tem toda razão. Bernard Herrmann é "O" nome quando se fala em Hitchcock. "A la Bernstein" era só pra dizer que daria um filme de suspense bem legal ("Cabo do medo" do Scorsese é super Hitchcock, não?). Mas com certeza fica mais claro citar o Herrmann. Atualizado! Muito obrigada:)!!

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    2. Oi Domênica! Sim, de fato, "Cabo do Medo" tem uma trilha super Hitchcock, mas isso porque a trilha é do... Bernard Herrmann. ;) O Scorsese quis utilizar a mesma música do filme original no remake dele, então só o que o Elmer Bernstein fez foi adaptar a trilha. Abraços!

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  2. Não sei se é esse que você ta falando com o Hopkins, mas é um com a diva Scarlett Johanson? Estou bem curiosa. E sim, ele era gênio, né? Pena que fabricaram tão pouco desses.. Rs...
    Ana

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    1. É um dos filmes que impulsionaram a "moda" mesmo. De repente parecia ter Hitchcock em tudo que é lugar, né? Quando vir o filme com a diva, conta pra gente o que achou :). Beijos pra você!

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