sexta-feira, 26 de outubro de 2012

E no fim, é só o começo – Parte 2 - Aberturas

Se a primeira parte deste texto usou a desculpa do aniversário de 50 anos de James Bond no cinema para falar da importância dos créditos nos filmes, a segunda se aproveita da estreia de ”007 – Operação Skyfall” como argumento para algo que a franquia do agente fez muitas vezes com maestria: as aberturas. Na estreia de Daniel Craig no papel, por exemplo, ela cumpre “apenas” a missão de “rebootar” a série e consegue com uma combinação de trilha e fotografia a la Hitchcock, arrebatar um novo público no tempo recorde de 4 minutos.



É quase matemático. Grandes filmes =  Grandes aberturas. Pequenas obras-primas que cumprem com louvor o papel de introduzir a história e que, quando geniais, sobrevivem isoladamente a ela. 
















Na literatura, uma boa sequência de início tem alguns macetes. Diferenças de linguagem a parte, essas do Joseph Bates têm muito a ver com o cinema. Para capturar o espectador, a sequência  deve: Começar com uma ação em progresso; Mostrar o tema sob a perspectiva do protagonista; Fechar um arco e mesmo assim, prender a atenção para o que vem depois e, estabelecer desde sempre que o “narrador” saiba “inserir” conceitualmente este “início” ao fim da história.





Mesmo produções que subvertem a lógica a partir de uma montagem não linear acabam se “rendendo” a pelo menos três destes parâmetros, é o caso de Pulp Fiction, que mesmo sem um protagonista definido, termina sua narrativa “circular” na mesma sequência inicial.




Eu poderia passar bem mais que qautro minutos falando sobre sequências antológicas: “Os Bons Companheiros”, “O Poderoso Chefão”, “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Up!”, “Era uma vez no Oeste”, "O Rei Leão", "Expresso para Darjeeling", só pra começar... Mas, para não testar sua paciência (convenhamos, só o áudio já valia um capítulo a parte), termino o texto com uma das minhas sequências favoritas, extraída também da obra do Tarantino. Uma jóia onde cada pausa é essencial para contextualizar tanto a época, como o conflito que ronda o filme todo.  Quem não prendeu a respiração a cada segundo do diálogo entre Christoph Waltz e Dénis Menochet, perdeu um dos melhores "curtas" da história do cinema. Polêmica?  Fica pra próxima. Para um post que fala sobre “aberturas”, este já está enorme :)


Inglourious Basterds from One Scene on Vimeo.

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