Se
a primeira parte deste texto usou a desculpa do aniversário de 50 anos de James
Bond no cinema para falar da importância dos créditos nos filmes, a segunda se
aproveita da estreia de ”007 – Operação Skyfall” como argumento para algo que a
franquia do agente fez muitas vezes com maestria: as aberturas. Na estreia de
Daniel Craig no papel, por exemplo, ela cumpre “apenas” a missão de “rebootar”
a série e consegue com uma combinação de trilha e fotografia a la Hitchcock, arrebatar
um novo público no tempo recorde de 4 minutos.
É quase matemático. Grandes filmes = Grandes aberturas. Pequenas obras-primas que cumprem
com louvor o papel de introduzir a
história e que, quando geniais, sobrevivem isoladamente a ela.
Na
literatura, uma boa sequência de início tem alguns macetes. Diferenças de
linguagem a parte, essas do Joseph Bates têm muito a ver com o cinema. Para capturar o espectador, a
sequência deve: Começar com uma ação em
progresso; Mostrar o tema sob a perspectiva do protagonista; Fechar um arco e mesmo
assim, prender a atenção para o que vem depois e, estabelecer desde sempre que
o “narrador” saiba “inserir” conceitualmente este “início” ao fim da história.
Mesmo produções que subvertem a lógica a partir de uma montagem
não linear acabam se “rendendo” a pelo menos três destes parâmetros, é o caso
de Pulp Fiction, que mesmo sem um protagonista definido, termina sua narrativa
“circular” na mesma sequência inicial.
Eu poderia passar bem mais que qautro minutos falando
sobre sequências antológicas: “Os Bons Companheiros”, “O Poderoso Chefão”, “Tudo
Sobre Minha Mãe”, “Up!”, “Era uma vez no Oeste”, "O Rei Leão", "Expresso para Darjeeling", só pra começar... Mas, para não testar sua paciência (convenhamos, só o áudio já valia um capítulo a parte), termino o texto com uma das minhas sequências favoritas, extraída também da obra do Tarantino. Uma jóia onde
cada pausa é essencial para contextualizar tanto a época, como o conflito que
ronda o filme todo. Quem não prendeu a
respiração a cada segundo do diálogo entre Christoph Waltz e Dénis
Menochet, perdeu um dos melhores "curtas" da história do cinema. Polêmica? Fica pra próxima. Para um post que fala sobre “aberturas”,
este já está enorme :)
Inglourious Basterds from One Scene on Vimeo.
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