segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

This Exquisite Forest - Animações colaborativas

Primeiro veio a ideia de usar quadros desenhados por pessoas no mundo do todo para a criação de um videoclipe colaborativo de ninguém menos que o Johnny Cash (falamos desse projeto em outro post). Pois a ideia cresceu e ficou ainda mais ambiciosa. Agora ao invés de quadros temos pequenas animações como base e o resultado é muito mais abrangente. 


O This Exquisite Forest usa ferramentas do Google e do Chrome para criar um ambiente composto de milhares de animações que vão se complementando e criando novas ramificações, dando assim ao público a possibilidade de modificar som, visual e narrativa em pequenos fragmentos animados. Abaixo você vê a ideia explicada em uma bela animação (e bem melhor que as minhas frases acima, com certeza).



Outro vídeo detalha o making of do projeto, com entrevistas com os criadores e os primeiros colaboradores.



O site conta com muitas animações diferentes, cada uma com suas próprias ramificações. Aí abaixo algumas delas.







Como você pode ver o resultado é bastante variado e as possibilidades são infinitas. Assim como no projeto do Johnny Cash, as ferramentas para a criação são bem simples, o que por um lado possibilita que todo mundo participe, por outro deixa às vezes o visual meio pobrinho (mas é claro que tem gente que faz miséria com isso). Agora vai lá, entre no ambiente e passeie por essa grande floresta animada. Ah, e se você colaborar com alguma delas, divulgue aí abaixo. Gostaríamos de saber.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Chaves para Hitchcock

Um homem sofisticado numa trama sinistra. Uma loira “gelada” inocente e diabólica. Um plot resolvido apenas no último segundo. Luz e sombra na fotografia. Trilha a la Bernard Herrmann, edição precisa, câmera-personagem, espectador cúmplice. A receita existe, mas se houvesse fórmula para um clássico de Hitchcock, os filmes do Brian de Palma ainda valeriam o ingresso. Não é o caso. 
Se desde sempre o nome do diretor inglês e o termo suspense são considerados sinônimos, em 2013, o dicionário ganha um novo termo: hype. Hitchcock está na moda, na tv, no cinema e provavelmente nas grandes premiações ao longo de 2013/2014. Até o momento temos, entre outras coisas, a produção com Anthony Hopkins e Helen Mirren que conta os bastidores  de “Psicose”, o lançamento do box “Alfred Hitchcock the Masterpiece Collection” com 15 obras-primas em formato Blue-Ray  e um filme da HBO, um tanto mal criticado, sobre sua relação obcessiva com Tippi Hedren. 


Mas em meio a todo o “buzz” surge uma notícia que muito interessa a este blog: é “The White Shadow” de 1924. Os rolos, perdidos por décadas e com autoria desconhecida até 2011, foram doados ao National Film Preservation Fund em 1989, e agora são disponibilizados (os 43 minutos encontrados, pelo menos), via streaming. A direção é creditada a Graham Cutts, mas quem aparece como assistente de direção, montador e cenógrafo é Alfred Hitchcock em, nada mais nada menos que, seu primeiro filme.
Pouco se sabia do roteiro, mas a história de uma irmã “má” que toma o lugar da “boa”, já apresenta alguns toques sutis de sua posterior narrativa: o clima da aristocracia, o jogo de aparências, o trabalho com os atores e a montagem nada monótona. Vale assistir, no mínimo, pelo registro histórico.
Se essa foi sua primeira incursão pelo cinema, termino o post com uma jóia bem mais recente realizada em 2007 por um fã que escreveu e dirigiu um curta (para a cava Freixenet) que mostra o encontro e a execução de um roteiro supostamente perdido pelo mestre… Usando e abusando dos recursos eternizados por Sir Hitchcock, “Key to Reserva” é simplesmente genial. O fã? Um tal Martin Scorsese.
PS: À procura de outras chaves para o universo do mestre? Algumas das melhores estão aqui.           
Enjoy!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O melhor dos video-games com o melhor do cinema

Muito em breve (4 de Janeiro, para ser mais exato) estreia nos cinemas a animação Detona Ralph, da Disney/Pixar, com direção de Rich Moore e voz de John C. Reilly no papel principal (o Ralph em questão). É a segunda obra da Disney que usa um simples jogo de video-game como ponto-de-partida para uma história mais complexa (narrativamente e graficamente); a primeira foi Tron. Desta vez os jogos clássicos dos consoles acabam também virando personagens e o resultado tende mais à comédia e à diversão.



O namoro entre video-games e cinema não para só aí. Recentemente vimos dois dos maiores nomes do cinema (e gênios na arte da montagem, devo acrescentar) assinarem publicidades de dois jogos, em bons exercícios de linguagem. O primeiro caso é dirigido por Guy Ritchie (de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, Snatch e outras tantas maravilhas) e o jogo em questão é o Call of Duty: Black Ops 2, que será lançado na semana que vem. (Atores como Galifianakis e Downey Jr. também fazem suas participações especiais).



Já David Fincher (de Clube da Luta e A Rede Social -que ganhou oscar de edição, se você bem se lembra) e Tim Miller (responsável pelos geniais efeitos do Scott Pilgrim) trazem até você o trailer do novo jogo da franquia Halo, que promete mais uma vez reinventar o mundo dos video-games. Enquanto o filme não chega (e a novela de quem seria o diretor e quando diachos ficaria pronto não acaba), nada como um vídeo (e um jogo desses) para acalmar os ânimos dos fãs da saga. Aproveite.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Videoclipes sem música (ou: a melhor forma de ver Gangnam Style)

A essa altura você provavelmente já viu Gangnam Style (o hit do verão coreano) das mais diferentes formas: da versão gaúcha ao mashup russo do Michel Teló; da versão do Deadpool a Flash mobs por diferentes partes do mundo. Mas a versão que você deveria mesmo ter visto (pelo menos, dentro deste blog) é a versão sem áudio (até porque, convenhamos, a música nunca foi lá essas coisas).

Nova perversão videoclípica e novo exercício de edição, a "técnica" consiste em tirar a música e colocar efeitos em cada um dos takes, simulando como ficaria o vídeo se fosse editado usando apenas os sons naturais, captados diretamente.



Como você pôde ver, Gangnam Style sem música vira uma obra surrealista e esquisofrênica, mais parecendo um experimento do David Lynch que um videoclipe de uma música pop. Mostra também que muitos videoclipes não se sustentam e não ganham significado sem a presença da música, sendo a edição, em boa parte dos casos, uma junção meio ao acaso e desconexa de diferentes vídeos. As imagens estão ali para ditar o ritmo e gerar um clima associado à música, não precisando ter necessariamente um sentido.

Caso diferente disso é o cinema, onde a música e a trilha sonora têm a função de dar ritmo e gerar climas específicos (principalmente nos filmes de gênero, como terror e suspense). Bom exemplo contrário, de como a música amplia o poder das imagens, você pode ver no vídeo abaixo, com dois mestres das duas coisas (direção e trilha sonora): Steven Spielberg e John Williams.



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

E no fim, é só o começo – Parte 2 - Aberturas

Se a primeira parte deste texto usou a desculpa do aniversário de 50 anos de James Bond no cinema para falar da importância dos créditos nos filmes, a segunda se aproveita da estreia de ”007 – Operação Skyfall” como argumento para algo que a franquia do agente fez muitas vezes com maestria: as aberturas. Na estreia de Daniel Craig no papel, por exemplo, ela cumpre “apenas” a missão de “rebootar” a série e consegue com uma combinação de trilha e fotografia a la Hitchcock, arrebatar um novo público no tempo recorde de 4 minutos.



É quase matemático. Grandes filmes =  Grandes aberturas. Pequenas obras-primas que cumprem com louvor o papel de introduzir a história e que, quando geniais, sobrevivem isoladamente a ela. 
















Na literatura, uma boa sequência de início tem alguns macetes. Diferenças de linguagem a parte, essas do Joseph Bates têm muito a ver com o cinema. Para capturar o espectador, a sequência  deve: Começar com uma ação em progresso; Mostrar o tema sob a perspectiva do protagonista; Fechar um arco e mesmo assim, prender a atenção para o que vem depois e, estabelecer desde sempre que o “narrador” saiba “inserir” conceitualmente este “início” ao fim da história.





Mesmo produções que subvertem a lógica a partir de uma montagem não linear acabam se “rendendo” a pelo menos três destes parâmetros, é o caso de Pulp Fiction, que mesmo sem um protagonista definido, termina sua narrativa “circular” na mesma sequência inicial.




Eu poderia passar bem mais que qautro minutos falando sobre sequências antológicas: “Os Bons Companheiros”, “O Poderoso Chefão”, “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Up!”, “Era uma vez no Oeste”, "O Rei Leão", "Expresso para Darjeeling", só pra começar... Mas, para não testar sua paciência (convenhamos, só o áudio já valia um capítulo a parte), termino o texto com uma das minhas sequências favoritas, extraída também da obra do Tarantino. Uma jóia onde cada pausa é essencial para contextualizar tanto a época, como o conflito que ronda o filme todo.  Quem não prendeu a respiração a cada segundo do diálogo entre Christoph Waltz e Dénis Menochet, perdeu um dos melhores "curtas" da história do cinema. Polêmica?  Fica pra próxima. Para um post que fala sobre “aberturas”, este já está enorme :)


Inglourious Basterds from One Scene on Vimeo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

E no Fim, é só o Começo – Parte 1 – Créditos de Abertura

Na semana em que o agente secreto mais famoso do mundo completou 50 anos no cinema, a Flavorwire  lançou um  ranking com 15 dos créditos de abertura mais inventivos da história dos filmes. Na lista, surgem com louvor os nomes de Pablo Ferro e Michael Binder, mas em se tratando de “Opening Title”, não há crédito mais antológico que Saul Bass (1920 – 1996):O artista que estabeleceu o padrão do que uma abertura  deve ter para se transformar em algo tão ou mais emblemático quanto a própria obra. 


Até a década de 50, créditos eram apenas uma lista de nomes em sequência numa linguagem próxima a experiência literáriaBass, não só mudou essa lógica, ( Ok, aberturas de Woody Allen, não contam) como instituiu o que seria um ambiente especial para “abrir” e criar o clima de uma narrativa. 


The Title Design of Saul Bass from Ian Albinson on Vimeo.

Seus gráficos fundiam som e imagem  de forma única e, ao contrário de um trailer que “vende” o produto (colocando, muitas vezes a  história em segundo plano a serviço de uma estratégia de marketing), assumiam o compromisso de apresentar um conceito conectado diretamete com o roteiro a ser contado. Não é a toa que Bass era também responsável por muitos dos cartazes dos filmes que “abria”.











Com traços marcantes, uma palheta de cores bem definida e um senso de perspectiva copiados até hoje, ele conseguiu a proeza de "dizer" em poucos minutos, o que muitos diretores não conseguem sequer em duas horas. Sorte a nossa que os parceiros foram do naipe de Kubrick, Hitchcock, Scorsese, muitas vezes ao som de Elmer Bernstein. 
No fim, tudo isso só comprova uma coisa: No cinema de Saul Bass, o primeiro frame é o que fica.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pra bom entendedor, um pingo é letra.

William Blake, o bom e velho poeta, pintor e visionário, já dizia: “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito”. A frase, que por sinal, ajudou a inspirar o nome daquela banda do Jim Morrisson, se presta as mais diversas interpretações, mas em tempos de ferramentas tecnológicas que permitem que os sentidos sejam cada vez mais aflorados , vejo na “interwebs” um video que mostra que com um design limpo e uma montagem gráfica que estimula o sensorial além do óbvio, é possível produzir algo universalmente perceptível


Word as Image (by Ji Lee) from jilee on Vimeo.


O trabalho de Ji Lee, um artista coreano, criado em São Paulo, começou há cerca de vinte anos numa aula de tipografia, na qual os alunos eram encorajados a aplicar em “apenas” uma letra, uma serie de conceitos, sem a ajuda de nenhum elemento externo. Uma ideia aprimorada em projetos como o alfabeto 3D...



ou em imagens síntese do cinema, transformadas até em aplicativo

Enquanto um dos grandes desafios da montagem no cinema é colocar ideias em perspectiva a serviço de uma proposta criativa, é bom ver algo que mimetiza som, imagem, palavra (a síntese máxima do roteiro), cultura pop e memória emotiva em tão pouco espaço. Moral da história? Quanto mais simples, melhor.        Em se tratando de comunicação, nada mais complexo. Palmas para os que encontram as tais portas. 

PS: O Evan Seitz, um editor-animador tem, ao menos dois trabalhos bem inventivos que usam uma lógica semelhante a de Lee. Caso você não tenha visto, vale bem a pena.... 




ABCinema | Ep.1: Alphabet from Evan Seitz on Vimeo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A montagem de Tropicália (ou: a arte de valorizar materias de arquivo)

Estreia hoje o documentário Tropicália, de Marcelo Machado. Documentário que funciona como registro histórico do que aconteceu culturalmente no Brasil entre 1967 e 1972 e tem como figuras centrais Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes (principalmente).



Mas o filme, como você pôde ver no trailer acima, vai muito além disso. Abarcando coisas relacionadas ao "movimento" que aconteceram simultaneamente no cinema, nas artes plásticas, no teatro e na vida política e social do país, ele faz um registro muito mais abrangente (e por causa disso, mais interessante). E para dar essa "cola" (usando aqui a expressão do mutante Sérgio Dias, que já aparece no trailer) há um criativo e muito bem aplicado uso da Montagem. 

Não só o ritmo do filme é bastante eficiente (as músicas se destacam e estão presentes em todo o filme mas não brigam com o texto nem se alongam demais) como há uma interessante mistura de linguagens e técnicas ao longo de todo o documentário. Assinada por Oswaldo Santana (que também montou o filme Bruna Surfistinha), a montagem acaba deixando quase sempre a fala dos entrevistados em BG, ilustrando o texto com composições e manipulações de capas de álbuns, fotos de arquivo e vídeos de formatos diferentes como tv, cinema, super-8, etc. 

Não só eles tiveram acesso a um material muito rico como souberam usar e manipular muito bem. O filme é no final extremamente colorido, mesmo usando quase que somente material em P&B, original da época. No arsenal de efeitos há rabiscos por cima de fotos, composições com capas dos discos (destacando detalhes da imagem), roupas e elementos pintados, que buscam retratar como eram os objetos originalmente, etc.



Outro acerto da parte da pós-produção é a animação simples e extremamente funcional do logo do filme. Inspirado na obra "Bichos" de Lygia Clarck (acima) -artista que também influenciou o movimento tropicalista- eles usam sólidos geométricos que se movimentam para formar o nome do filme e as datas dos acontecimentos.




Fica, assim, a dica para vocês assistirem esse que certamente será um dos melhores usos da montagem que você terá acesso esse ano, seja no cinema nacional ou internacional. Independente de gostar ou não da música a que o filme se refere, o filme vale para qualquer interessado por cinema e história.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

À procura de Kogonada? - por Domênica Mantel


Ele ou ela, não se sabe…. Onde e como, não se sabe… Se ontem, se hoje…não se sabe.

Até o momento, tudo o que encontrei  foi uma página no Vimeo , um “@” um tanto lacônico no twitter, um tumblr sobre um projeto em andamento e literalmente milhares e milhares de “amigos internautas” que, via facebook, blogs e tudo quanto é rede social, inundaram a “rede mundial de computadores” com isso:
Em questão de minutos, a perspectiva foi deixada de lado em função do imediatismo. Muitos compartilharam, alguns entenderam mas, será que todos realmente viram?

Kogonada, assim como os cineastas que o/a influenciam parece se preocupar com a estética, sem menosprezar o conteúdo . Expõe seu trabalho numa linguagem em que sentidos milimetricamente sincronizados, se condensam na forma dos sons de Aronofski, da ironia contra o poder, de Tarantino, da delicadeza irônica de Wes Anderson e de tudo isso reunido, por meio dos pontos de fuga de um Kubrick sempre magistral. 

Sounds of Aronofsky from kogonada on Vimeo.

Tarantino // From Below from kogonada on Vimeo.

Wes Anderson // From Above from kogonada on Vimeo.

Não comparo, de forma alguma, o trabalho de Kogonada  ao de seus “homenageados”. O ponto aqui é o olhar atento, o estudo da linguagem, a sequência de cortes que nos direciona um mesmo caminho onde nenhum plano é gratuito. 

Que venham outros videos… Que nós nos treinemos para, independente deles, passarmos a realmente… enxergar e que o/a Kogonada não se revele. Acabaria maculando o verdadeiro foco. :)
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Domênica Mantel já falou aqui sobre a impressão digital do filmes, mantém o blog Tudo Fundido, faz pequenas reflexões em 140 caracteres em seu @Dodomlyns e a partir de Outubro escreverá novamente sobre todos os episódios da nova temporada de Dexter no blog Sobre TV.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Baby Got Back e Sir Mix-A-Lot (ou: quando os editores mais criativos são os não-editores)

O nome da banda vale também para o figura que editou o vídeo. Usando uma música do rapper Sir Mix-A-Lot, um cara que gosta de cinema e não edita profissionalmente misturou falas de 295 filmes para recriar a letra da música. Segundo ele, demorou quatro meses para terminar o ambicioso projeto. E agora, em pouco mais de uma semana, já conseguiu quase 3 milhões de visualizações. 

Divirtam-se. (A letra da música aparece automaticamente. Ligando o closed caption você pode ver os títulos dos filmes. Arraste o texto para outro lugar da tela se quiser ver melhor).

terça-feira, 3 de julho de 2012

Videoclipes com Instagram (ou: como ter um videoclipe barato visto por milhões de pessoas)

Nova fórmula do sucesso para bandas de público jovem que querem ter milhões de visualizações em seus novos videoclipes: pedir para a galera mandar as fotos do instagram, juntar tudo em um videoclipe fofo com letrinha bonitinha e esperar que todas essas pessoas saiam por aí divulgando a participação.


É o que fizeram os ingleses do Vaccines para a música Wetsuit. Intercalando fotos que as pessoas mandaram e alguns poucos vídeos, registraram diferentes lados de uma de suas apresentações ao vivo. O resultado é meio chocho e a musiquinha não me convence. Mas eles já garantiram seus muitos page views.



Como tudo, essas coisas não demoram para chegar no Brasil. Os conterrâneos Móveis Coloniais de Acaju fizeram a mesma coisa para música também fofa, desta vez em projeto mais ambicioso. Juntaram mais fotos, fizeram uma composição com todas elas e tentaram alguns pequenos truques de edição, como fotos para ilustrar momentos da música e até um ou outro stop-motion. 



Mas acho que de todos esses o que ficou mais interessante é também o mais modesto. Os americanos do A Place to Bury Strangers simplesmente juntaram um monte das fotos que, pelo visto, eles mesmos tiraram durante a turnê e montaram um videoclipe com isso. Legal que não encheram a tela e mantiveram o tamanho das fotos originais e no final há também alguns stop-motions simples. Simpático, casou também com a música (não tão fofa no caso deles). Pura estética aqui, sem querer angariar fãs apelando pro crowsourcing. Ponto para eles.



Fica a ressalva: o A Place to Bury Strangers toca em São Paulo no Beco203 no dia 11 deste mês, por singelos 30 reais. Caso raro de boa música com ingresso honesto. Merece nosso respeito e divulgação, portanto. Não percam!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tudo o que você queria saber sobre o Homem-Aranha mas tinha medo de perguntar (reunido em um só programa)

Hoje, 9 e meia da noite, estreia na HBO Plus mais perto de você o programa The Amazing Spider-Special, grande homenagem ao HOMEM-ARANHA que tive o (enorme) prazer em dirigir.




Ele junta o que há de melhor relacionado ao herói espalhado pelo mundo, comentado, é claro, por quem melhor poderia falar sobre o assunto. De forma sucinta:

1. Ninguém melhor para descrever o herói e falar sobre todas as suas características, dos vilões à personalidade complexa de Peter Parker, do que o brilhante time que toca a Marvel (e as publicações relacionadas ao personagem) hoje em dia. São eles: Joe Quesada (Chief Creative Officer), Axel Alonso (Editor In Chief), Tom Brevoort (SVP/Executive Editor), Steve Wacker (Senior Editor, Spider-Man), Tom Brennan (Associate Editor, Spider-Man), Ellie Pyle (Assistant Editor, Spider-Man), Dan Slott (Writer) e Paolo Rivera (Artist). Para relembrar, aí abaixo uma das minhas capas prediletas do Paolo Rivera.



2. Adiantamos o que vem por aí no filme novo, comentado (com exclusividade) pelo novo time do diretor Marc Webb (que traz no nome um trocadilho com o Homem-Aranha, inclusive): o ator Andrew Garfield, fã declarado do personagem, Emma Stone (namorada dele dentro e fora das telas) e Rhys Ifans (que vive os dois lados do vilão Lagarto).

3. Mostramos um tour em NY que mostra os lugares da cidade que serviram de locação para os 3 primeiros da série, que também são lembrados ao longo de todo o programa. Os filmes, inclusive, os TRÊS, estão na programação do canal.

4. Entrevistamos os atores principais e mostramos os bastidores do novo show do Homem-Aranha da Broadway, que conta com músicas do U2 (legal...) e vôos em cima da galera (GENIAL!).

5. Apresentamos a nova atração do parque da Universal dedicado ao Homem-Aranha, que também traz as famosas aparições de Stan Lee em uma bela animação em 3D.

6. E deixando o melhor para o final (do post e do programa) vos comento que ninguém menos que STAN LEE dá seu depoimento e manda o recado para os fãs latinos (honra sem precedentes entrevistar ele, devo admitir).

Concluindo: você é fã do Homem-Aranha? Então não perca. Não é fã? Pois deveria ser. :)

Os demais horários em que o programa será exibido você encontra nesse link:

E fique ligado na programação da HBO Plus. Além do programa e dos três primeiros filmes, programas curtos espalhados pelos breaks trazem mais informações sobre cada uma dessas coisas. Genial, não?
EXCELSIOR!!!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Videoclipes com atores (ou: de Pogues com Johnny Depp a Jon Spencer com Winona Ryder)

Agora que Jared Leto, Juliette Lewis, Charlotte Gainsbourg e até Scarlett Johansson decidiram passar das telas de cinema para o cenário musical (com maior ou menor êxito), não é nada mal recordar alguns atores que deixaram seu registro nos videoclipes fazendo, aí sim, o que fazem de melhor: atuando.

Começando pelo cult ator sueco Stellan Skarsgård, que agora provavelmente ficou rico com os Vingadores mas que, na verdade, merece o nosso respeito por estar em Ondas do Destino (1996), Dançando no Escuro (2000), Dogville (2003) e Melancolia (2011). (Quase ganha do Udo Kier e do Jean Marc-Barr em parcerias com o Lars Von Trier). Agora atua num clipe estranho da mais estranha Lykke Li (sabe-se lá porque razões).



Não voltando muito no tempo e continuando nos clipes bem produzidos, fiquem com o estiloso Stylo dos Gorillaz, que conta com um implacável Bruce Willis perseguindo os famosos personagens animados (poderia ser entendido como um clipe dos Muppets on acid).



Os Beastie Boys recentemente chamaram TODO MUNDO para atuar no media-metragem Fight for your Right, dirigido pelo Adam Yauch (que Deus o tenha). Mas poucas formações musicais seriam mais interessantes que essa da cleptomaníaca Winona Ryder (a foto lá em cima tá foda, não?) atacando de Jon Spencer com Giovanni Ribisi (de Friends) no baixo e John C. Reilly (de Magnólia) na batera.



A qualidade é tosca e o clipe é bem estranho. Mas é uma música do Shane Macgowan (dos Pogues) aqui dirigido e atuado pelo Johnny Depp (que já até tocou com eles ao vivo).



E para encerrar (e contrapor toda a beleza do Shane Macgowan), fiquem com Marion Cotillard fazendo uma ponta em 2003 para música do tal Richard Archer.



Alguém aí com alguma lembrança interessante de um videoclipe que conta com a participação especial de seu ator predileto?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mesmo truque. Outro resultado. (ou: Fiest e Primavera Festival)

Nada se cria. Tudo se copia. Na publicidade mais que em qualquer outra área audiovisual.

Uma trucagem visual de um videoclipe (que já tínhamos falado em outro post), veio parar em uma publicidade recente. O truque em questão aparece no famoso videoclipe de 1234 da cantora Fiest. A publicidade é a do festival Primavera, que acontece em Barcelona neste final-de-semana (ele é o meu festival favorito). No final, ao contrário de todas as publicidades (e publicitários) preguiçosos (99% dos casos) que copiam coisas já vistas no cinema ou nos videoclipes, aqui o truque acho que acabou funcionando, até porque as duas coisas dialogam (música e festival de música). E se no primeiro o truque era feito para abrir e fechar o videoclipe, na publicidade ela é feita muitas vezes (e em menor tempo). Trata-se nos dois casos de um plano-sequência trucado onde um elemento (uma pessoa) serve para mascarar uma ação que passa a acontecer no segundo plano.

Relembre abaixo o videoclipe e veja na sequência a publicidade. (E claro, se você não mora em Barcelona, morra de inveja de quem verá Jeff Mangum, Wilco, Beirut, Franz Ferdinand, The Rapture, Yo la Tengo, the Drums e mais um milhão de bandas, em apenas um final-de-semana).



quinta-feira, 1 de março de 2012

The Guardian, 3 porquinhos, Sherlock, Mais Estranho que a Ficção e suas interessantes composições de imagem e letterings.



Lançado ontem no Youtube, um comercial do jornal inglês The Guardian usa a história dos 3 Porquinhos para mostrar o alcance de sua informação nas mais diferentes mídias. Para isso, mistura elementos de todas elas em um comercial com ótimo ritmo, muitos recursos gráficos, divisões de quadros e um belo roteiro.


A edição e a mistura de linguagens lembra outro inglês recente: na série Sherlock, da BBC, há o mesmo uso de letterings e ambiente 3D para destacar detalhes, conversas e mensagens telefônicas, e (aqui o diálogo é ainda mais claro entre os dois) para mostrar a repercussão de ações do personagem nas mídias sociais e imprensa. No vídeo abaixo o ator Benedict Cumberbatch (o próprio Sherlock) fala em uma entrevista (num banheiro?) sobre essa atualização da história; e podemos ver também um rápido exemplo desse uso da edição na série.


O uso dos letterings nesses dois casos lembram também o genial clipe inicial de Mais Estranho que a Ficção, filme de 2006 dirigido por Marc Foster e protagonizado por Will Ferrell (certamente seu melhor trabalho). O trabalho de pós-produção foi feito pela americana MK12, conhecida por qualquer amante de videografias e computações gráficas. 


O exemplo acima pode ter servido de inspiração para os dois outros casos, que também souberam misturar a linguagem gráfica a um sentido narrativo, servindo agora para ilustrar a combinação de mídias que estamos expostos nos dias atuais. E se cada mídia pode ser entendida como uma nova camada de informação, isso em pós-produção acaba sendo representado como uma sobreposição de layers e divisões de telas, ora aumentando a complexidade, ora fragmentando o discurso.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Conheça Chad Vangaalen (pelas músicas e pelas animações)

O músico canadense Chad Vangaalen mal sai da sua cidade natal, Calgary. Faz um som calmo, trabalhado, próximo ao de bandas como Fleet Foxes ou Iron & Wine. Atualmente pela Sub Pop, já conta com quatro discos no currículo (o último é de 2011). Mas o melhor de tudo é que além de músico ele também é ilustrador e animador, com um estilo talvez mais interessante que o musical.

Combinando as duas vocações (a musical e a visual) ele cria um outro universo, cheio de seres mágicos, natureza exuberante e seres coloridos (ecos de Avatar talvez?), que poderia muito bem lembrar o cartunista francês Moebius ou o animador japonês Hayao Miyazaki (de A Viagem de Chihiro e Ponyo - Uma Amizade que veio do Mar), dois gigantes das artes visuais.

Fiquem abaixo com alguns dos belos trabalhos do artista (no sentido mais amplo da palavra).







ps. Fica aqui o agradecimento ao amigo Luis Fernando que sempre ajuda esse blog com umas tantas belas dicas.