sexta-feira, 18 de março de 2011

Os geniais efeitos visuais de Cisne Negro (contém spoilers, já aviso)

Você não se perguntou durante o Cisne Negro onde infernos estariam as câmeras (e todo mundo que trabalha ao lado dela) naqueles muitos planos no salão de ensaio, cheio de espelhos? Ou não se perguntou se era mesmo a Natalie Portman que dançava aquilo tudo? Ou mesmo, como eles faziam todos aqueles efeitos da "transformação", que conseguiam ser ao mesmo tempo artísticos e realistas?

Pois aí está um belo vídeo de making of para nos ajudar.



O legal do vídeo é que mostra o truque cinematográfico ao mesmo tempo que mostra como a mensagem foi ampliada por essas muitas camadas feitas em pós-produção (como no caso do belíssimo plano da tatuagem de asa, por exemplo). Como falado no post anterior sobre a série In Treatment, esse tipo de coisa (como imaginar onde estaria a câmera em muitos planos, por exemplo) pode não ser imaginado ou mesmo cogitado por um espectador comum, mas serve para ampliar a reflexão sobre as imagens e gerar novas possibilidades narrativas. Ainda mais no caso do Cisne Negro, em que a história da bailarina e a interação com o instrutor de ballet (vivido pelo genial Vincent Cassel) apontam claramente para a relação da atriz com a personagem (que em alguns casos pode consumir demais a pessoa que interpreta, que começa a confundir os "papéis" - como no caso Heath Ledger/Coringa, imagino); e na relação própria entre a atriz e o diretor, que às vezes joga com o psicológico da atriz para alcançar o resultado desejado.

A pós-produção e montagem ajudaram no caso do filme a expandir essas possibilidades, jogando novas "camadas" de profundidade em uma já profunda história.

Ps. pros que se interessarem em ampliar o conhecimento sobre o filme, recomendo ver no Youtube uma longa entrevista (de quase UMA HORA de duração) com o diretor de fotografia Matthew Libatique, o montador Andrew Weisblum e o diretor, Darren Aronofsky, falando de forma quase informal sobre os diferentes aspectos do filme (clique aqui se quiser ver). Há outra com Natalie Portman, de pouco mais de meia hora que é também bem interessante (ela responde a pergunta "Você chegou a discutir com o Aronofsky se você realmente morre no filme?", já aviso) - para ver, clique aqui.

Ps2. Também falei do Cisne Negro em outro post, mas rapidamente, comentando os indicados ao prêmio de montagem do Oscar.
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Atualizado em 29/03:
Uma ressalva: o vídeo que você vê acima não é o mesmo que eu tinha postado originalmente. O vídeo que eu tinha colocado acabou sendo tirado do ar e as únicas opções encontradas na Internet hoje em dia são vídeos oficiais da Fox. Há uma explicação para isso: enquanto Benjamin Millepie, marido de Natalie Potman e bailarino no filme, diz que a participação dela foi de pelo menos 85% nas cenas de dança, Sarah Lane, a dublê de corpo, fala que é algo como 5% (essas declarações vieram depois da premiação do Oscar, obviamente). No vídeo original dava para ver a troca do rosto de uma pela outra em pós-produção (daí porque eu falo no início, inclusive, sobre ela dançar ou não aquilo tudo). O vídeo atual continua interessante, mas substitui as cenas de dança por outras cenas com os jogos de espelho, em que se mostra o terror da personagem (efeitos para mostrar o irreal, o psicológico) mas não a dança e outros planos mais simples (aqui reais, em teoria). Aqui há mais informações sobre o caso, para quem quiser (em inglês).

4 comentários:

  1. Conhecer esse "pouquinho" do processo fez o filme ficar ainda mais genial. A Natalie Portman deveria dividir esse Oscar com a pós-produção ( pq com o câmera, ela já compartilhou outras coisas, não é? haha). No fim das contas, cinema nunca é trabalho solitário... Adorei o post,Sr. CortaeCola! Obrigada.

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  2. haha. boa. de fato ela devia dividir esse prêmio com muitos outros. até pq vc sai mesmo do cinema pensando que ela é tudo aquilo no ballet. depois de ver esse making of, sabe-se lá quando é que é ela dançando ou não, não é mesmo?
    Valeu!

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  3. Mr. CortaeCola, estou longe de ser cinéfilo (apenas vi 36% daqueles 100 filmes do teste no Facebook), mas vi e curti o filme, assim como o seu post. Tem filmes, realmente, que eu tendo a confundir criador e criatura... na verdade uns poucos, porque é necessário um enorme talento (ou então uma equipe impecável que faça "nascer" a criatura).
    A lembrança do Heath Ledger foi bem apropriada. Lembro que fiquei assim envolvido com o personagem quando vi "A Queda", em que aquele Bruno Ganz (nem lembrava o nome) fez o Hitler.

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  4. Boa, seu Antonio. Acho que esses personagens marcantes, como o Coringa e o Hitler, são meio amaldiçoados também. Não só marcam muito o ator, como deixam eles meio malucos durante o processo. Abração.

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