terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sobre Fugazi, Cassavetes e trabalho na praia


Através do amigo Andre Cruz, conheci o Jaume Montané, uma das metades da produtora catalã Copilotos e criador de algo genial: o melhor videoclipe não-oficial do Fugazi, banda de Washington D.C. (a da foto acima) que além de vender seus álbuns com preço impresso na capa, tem a fama de nunca ter feito um videoclipe.


A música que ele escolheu acho que é a minha predileta (do meu álbum predileto) do Fugazi (uma das minhas bandas prediletas): a Cassavetes, do In On the Kill Taker (álbum de 1993). Usando o tema da música, ele cruzou apresentações ao vivo da banda (provavelmente tirada do Instrument, ótimo DVD deles lançado em 2001) com cenas do filme Faces, dirigido pelo John Cassavetes em 1968 em que mais uma vez Gena Rowlands, também esposa do diretor, atua (é também citada na letra da música). Ah, o filme foi rodado na casa do casal, inclusive. Confiram o resultado do videoclipe abaixo.



E para aproveitar este que deve ser o último post do ano (já que ninguém é de ferro!), aí vai uma publicidade da produtora deles, a Copilotos, que ilustra muito bem como é trabalhar (e ter uma produtora) nesta época do ano. "Alô? Não... não fechamos. Aqui estamos. Em que posso lhe ser útil?". Aproveito este post então para desejar boas festas a todos (e bom trabalho pros que ficam).



Em tempo: nestes 10 meses de vida do blog, já tive mais de 13 mil visitas. Obrigado pela preferência. Postando sempre para postar bem (ou seria o contrário?). Celebremos então!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Walking Dead e Criss Angel (sobre zumbis e mulheres mutiladas; truques e truques cinematográficos)


Ontem vi o primeiro episódio de Walking Dead. Certamente os fãs do gênero devem achar ele meio novelinha, muito blablaba entre uma explosão de cabeça e um zumbi mutilado. Eu achei bem bacana. É mais um a provar que, pelo menos em se tratando de roteiros, o legal está mesmo na TV a cabo americana. É uma boa aposta no final das contas. Bem executado, bem escrito, com planos bem bacanas, efeitos e maquiagem impecáveis. E aqui está o principal (que pode explicar de certa forma o blablabla do roteiro): o zumbi em si, a cabeça mutilada e a pessoa sem perna, por si só, já não impressionam muito mais (ainda que no caso da série garanta bons momentos). Se antes o legal era pensar "como esses caras fazem isso", agora já tem milhões de vídeos na internet e programas de TV que mostram o making of dos inúmeros filmes de zumbis. As passeatas de mortos-vivos que têm por aí (e teve uma recentemente em São Paulo, a da foto abaixo), já estão se bobear mais profissas que muitos filmes de baixo orçamento. Então a idéia é dar uma nova cara ao gênero. Tentar torná-lo verossímil de novo. E o roteiro é parte essencial disso.


Mas falando em efeitos, truques e aspectos relacionadas à pós-produção, acho legal eles não esconderem no material extra de divulgação como as coisas são feitas (e nem transformarem isso em show, também). Veja o vídeo abaixo por exemplo, onde vemos Robert Kirkman, criador da HQ que deu origem à série e agora produtor executivo, falar sobre o assunto ao mesmo tempo em que vemos o zumbi mutilado (o primeiro que o personagem principal vê ao sair do hospital), com tecido azul ao redor das pernas para posterior recorte do chroma.



Este zumbi mutilado serve também para ilustrar outro ponto desta discussão entre o que desconhecíamos antes e agora já conhecemos de sobra. Em uma aula, o diretor de arte espanhol Andrés Hispano usava a história da mágica para ilustrar a mudança da visão das pessoas sobre os efeitos. Dizia ele que antes nos surpreendíamos com mágicos de shows grandiosos, como David Copperfield. Este fazia um show para se ver ao vivo e o povo caía totalmente nos truques do ilusionista. Dali passamos para o David Blaine (vou pular o Mister M, desculpa), mágico minimalista que dominava a linguagem da televisão e fazia truques muito simples (quase idiotas) parecerem muito mais autênticos que os do anterior. E por último teríamos o Criss Angel, mágico que nasceu no Youtube, com truques impressionantes em vídeos de péssima qualidade (difícil para ele foi convencer os outros que a Paris Hilton tava mesmo dando bola quando tirou a foto).


Andrés usava essa mudança para falar como o público liga hoje em dia muito mais para o conteúdo do que para a definição propriamente dita (até por termos agora câmeras simples e televisões "baratas" em HD). Como exemplo, comentava que o surgimento do Dogma-95 no mesmo ano em que vazou o polêmico vídeo da Pamela Anderson com o Tommy Lee não era coincidência; os dois apontavam para esta idéia de menos definição e mais conteúdo (no caso da Pamela, que conteúdo!). E neste processo, se antes duvidávamos da produção do Copperfield, agora caímos na do Criss Angel sem contestar muito; a graça está em cair no truque afinal de contas. Mesmo ele fazendo uns truques bem safados através de pura manipulação em edição (+ atores contratados). Os truques dele viram qualquer porcaria se você passar a pensar que ele está sempre mudando coisas que você não vê entre um corte e outro (e desculpa Criss, mas o Buster Keaton já fazia isso bem melhor que você quase um século atrás). O vídeo abaixo, que ele parte uma mulher ao meio, já é um clássico (e aqui, finalmente, a ligação com o outro zumbi, do Walking Dead).



Em tempo: se quiser saber qual é o truque da mágica acima, e que tem relação com edição, como falei, é só clicar aqui. Fácil e rápido, como a internet sempre possibilita.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

People Change (enfim, em um Vimeo perto de você)


Mais ou menos um ano atrás eu concluía um curta-metragem (o meu primeiro), feito de forma extremamente barata (no campo "orçamento" do formulário de inscrição de alguns festivais eu coloquei algo como 5 euros, o preço de uma fita mini-dv), que servia inicialmente para ilustrar umas tantas idéias da minha tese de mestrado, que tinha como tema inovações em montagem no Cinema. O curta contou com a colaboração de alguns amigos e foi feito ao longo de uns seis meses em frente ao After Effects, nos meus meses finais em Barcelona. Ele tenta ilustrar algumas das tantas coisas que um montador pode fazer com os softwares de edição disponíveis, afim de ganhar sentido narrativo (as idéias por trás dele eu falei melhor aqui).

Neste ano ele rodou quatro festivais: a Mostra do Filme Livre e o Cinesul - Festival Latino-americano de Cinema e Vídeo, que acontecem no Rio de Janeiro; o Festival Locomotiva de Animação, que acontece em Garibaldi, no Rio Grande do Sul; e a VI Mostra Internacional de Curtas da Unioeste, Universidade de Toledo-PR (falei mais sobre dois deles aqui).

O resultado você pode conferir abaixo. Espero que goste.

People Change from Ricardo Kenski on Vimeo.


Fica aqui novamente meu agradecimento a todos que me ajudaram a realizá-lo. E aos festivais que acreditaram na idéia.